Para uma transportadora, saber como calcular o frete é uma das tarefas mais importantes. Diferente do piso mínimo, o objetivo de uma tabela de frete é fazer uma negociação justa e a partir de um parâmetro bem estabelecido. Assim, é possível fazer um cálculo mais confiável e rápido para os valores cobrados.
Por sua vez, o piso mínimo de frete determina os menores valores para cargas lotação, de acordo com as determinações da Agência Nacional de Transporte de Terrestres (ANTT). Assim, a tabela de frete é mais completa e permite realizar configurações diferentes, que trazem resultados mais acertados.
Foi pensando nisso que montamos este conteúdo, completo de dicas para que você possa montar uma tabela de frete sabendo tudo que deve ser levado em consideração. Por fim, apresentamos 3 passos básicos para montar a tabela e soluções que podem ser utilizadas para facilitar o trabalho.
O que é frete?
Por definição, valor do frete é o preço a ser pago por um serviço de transporte de algum tipo de carga, independentemente do modal (transporte rodoviário, ferroviário, aeroviário etc.).
Por se tratar de um custo considerável para empresas logísticas, saber como calculá-lo corretamente é a chave para controlar gastos e, essencialmente, garantir que a operação seja lucrativa.
Quais são os diferentes tipos de frete?
Além do cálculo, conhecer as diferentes modalidades de frete é importante para tomar a decisão certa sobre o modelo que mais se ajusta a seu negócio. Os principais métodos de entrega e movimentação de carga são:
- contratação normal: o método mais comum em que a transportadora recolhe a encomenda e a entrega em seu destino, sem intermediários;
- subcontratação: quando uma transportadora terceiriza uma entrega contratando outro parceiro para realizar o transporte todo;
- redespacho: nesse caso, a transportadora contrata também uma empresa parceira, só que para cumprir determinada parte do percurso até o cliente final. Logo, o trajeto completo é feito por duas transportadoras (uma contratada de fato pelo cliente, e outra subcontratada);
- redespacho intermediário: aqui, a transportadora contratada conta com duas empresas parceiras para realizar as duas pontas do percurso. Uma coleta a carga e outra faz a entrega no destino final. A empresa contratada se encarrega de cumprir o trajeto do meio, fazendo uma ponte entre as duas subcontratadas;
- carga fracionada: quando um caminhão transporta várias encomendas de diferentes empresas (consequentemente com diferentes pontos de coleta e entrega). É a modalidade adotada por diversos e-commerces que não tem volume de pedidos suficiente para lotar um veículo só e compartilham o frete com outros negócios;
- carga lotação: esta modalidade funciona para empresas que possuem demanda de carga para ocupar toda capacidade de um caminhão, por isso contratam um serviço com um determinado ponto de entrega e destino.
O que é tabela de frete e a qual é a sua importância?
Como vimos, o termo frete é designado para identificar o preço praticado para os serviços de transporte de cargas rodoviário. O seu cálculo depende de fatores como:
- peso da carga;
- volume da carga embarcada;
- valor da mercadoria conforme a nota fiscal;
- distância entre os pontos de origem e destino.
Além disso, existem casos em que é necessário contratar escolta para acompanhar a carga ou solicitar autorização para a circulação de mercadorias de grande volume. Essas taxas também devem ser repassadas para o embarcador com o intuito de ressarcir a transportadora contratada.
A sua importância reside no fato de que o frete representa a fonte de receitas da empresa de transportes. Ou seja, quanto mais preciso o seu cálculo, melhor será a lucratividade obtida.
Qual é a função da tabela de frete transportadora?
A tabela de frete está presente no contrato apontando quais valores serão cobrados pelos serviços que você oferece. Os preços variam de acordo com as tarifas da transportadora e, especialmente, se ela lida com carga lotação ou fracionada.
É possível cobrar o cliente conforme a quilometragem, o peso da carga ou outras especificidades.
Ter uma ferramenta dessa, pronta e bem embasada, favorece o fluxo operacional da empresa, pois ela apresenta vantagens como:
- entrega mais rápida de cotações para os clientes;
- aumento das solicitações e vendas (como consequência da redução do tempo de resposta);
- adoção de preços compatíveis com a média do mercado;
- análise facilitada dos resultados da empresa (assim, gestores avaliam destinos, veículos ou tipos de mercadoria que rendem mais pedidos e são, portanto, mais lucrativos);
- praticidade, agilidade e menos burocracia no trabalho da equipe.
O que é a tabela de frete de preços mínimo de fretes?
A tabela de fretes determina os preços mínimos para as cargas lotação, que são aquelas que ocupam a totalidade do veículo. Os valores foram fixados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e são uma recomendação para a negociação das operações de movimentação de mercadorias.
Porém, as transportadoras podem usar esse instrumento para aumentar sua competitividade e a produtividade, assim como oferecer preços mais justos.
O cálculo do preço mínimo foi feito a partir de diferentes variáveis, inclusive dos custos fixos de caminhoneiros e transportadoras. Após essa definição, a tabela foi promulgada pela Resolução 5.820/2018, que explica exatamente como a contabilização foi realizada.
Em seguida, a tabela foi sancionada pela Lei 13.703/2018, que institui a chamada Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. Pela lei, ficou determinado que os valores vigentes são válidos por seis meses e são modificados sempre nos dias 20 de janeiro e 20 de julho.
Apesar disso, existem exceções em que o piso mínimo é reajustado. A legislação indica que, sempre que o preço do óleo diesel sofra oscilação de 10% ou mais para baixo ou para cima, o valor do frete precisa ser adaptado ao novo cenário.
Tenha em mente também que alguns valores — como substituição tributária, pedágios, imposto de renda, despesas com seguro e outros — precisam ser analisados individualmente, já que existem especificações do perfil de transportador e operação realizada.
Esse é um dos motivos que justificam a delimitação de frete mínimo, não máximo.
Quais são as principais variáveis para elaborar uma tabela de frete?
O propósito da tabela de fretes é repassar aos clientes os custos de forma bastante transparente. O preço mínimo indicado pelo governo é calculado conforme estabelecido na legislação. Porém, sua transportadora pode oferecer valores diferenciados, a partir de mais variáveis.
Para ajudar você a entender o que considerar na hora de elaborar a sua tabela, listamos as dez principais variáveis que são passíveis de análise. Confira!
1. Tipo de veículo
As cargas podem contar com o mesmo tipo de veículo, mas existem aquelas que requerem um tratamento diferenciado. Esse é o caso dos produtos refrigerados, por exemplo.
Portanto, considerar o investimento realizado para a movimentação da carga é uma opção válida. Nesse caso, a cobrança de valores mais elevados que o frete mínimo é justificada.
Considere, por exemplo, que mercadorias geladas e leves exigem um caminhão de pequeno porte, mas com baú refrigerado. Já os trajetos que contam com vias irregulares requerem um veículo resistente, com amortecedores rígidos e pneus maiores.
2. Tipo de carga
Essa variável evita a generalização da tabela de frete mínimo. Afinal, é impossível comparar a entrega de soja com a de remédios, certo? Por isso, o ideal é que você tenha diferentes valores conforme o produto a ser movimentado.
Lembre-se de que mercadorias frágeis precisam de embalagens mais resistentes e especiais. Já as que são muito pesadas tendem a gastar mais combustível no transporte, além de agilizar o desgaste de pneus e peças do caminhão.
As cargas perigosas ainda oferecem restrições. E por aí vai. Por isso, vale a pena fazer uma negociação diferente para cada caso.
3. Prazos de entrega
A transportadora tem um período de entrega predefinido. Quando o consumidor paga para receber mais rapidamente, o valor precisa ser diferenciado, porque os custos são maiores.
Em alguns casos, é preciso contar com mais de um motorista para a operação, fazer o pagamento de horas extras, gastar mais combustível etc. Por isso, é uma variável que deve ser analisada.
4. Pontos de entrega e rota
Alguns destinos exigem passar por estradas em péssimas condições, que colaboram para o desgaste precoce de pneus, aumento de manutenções e tempo maior de viagem. Ao mesmo tempo, outras regiões são notoriamente mais perigosas, com altos índices de assaltos.
Simultaneamente, em cargas completas, um caminhão geralmente cobre uma rota única e direta até seu destino final.
Por outro lado, cargas fracionadas pressupõem que um mesmo veículo carrega mercadorias para diferentes clientes e endereços e, portanto, precisa cobrir um trajeto com várias paradas, o que eleva o tempo e indica, talvez, a necessidade de mais colaboradores para realizar a carga, descarga e manuseio.
5. Dimensões e pesos da carga
A unidade (cubagem) da carga interfere no preço mínimo do frete, porque quanto maior, mais elevados serão os preços da operação.
Assim, o deslocamento de uma carga de cinco toneladas para determinada cidade é menor que o preço cobrado para uma de 10 toneladas para o mesmo trajeto. A justificativa é o tempo de viagem e de carregamento e a necessidade de manutenção derivada do peso da mercadoria.
6. Taxas e impostos a pagar
No frete, há a incidência de alguns encargos. Os principais são:
- Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
- Programa de Integração Social (PIS);
- Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Esses três tributos são fixos. No cálculo, considere também as taxas municipais e estaduais que, por ventura, incidam devido ao trajeto realizado. Contabilize, ainda, as tarifas e os pedágios.
7. Riscos
O transporte rodoviário é perigoso, seja por conta dos assaltos que ocorrem nas estradas, seja devido ao próprio ato de dirigir. Isso significa que o motorista está exposto a acidentes, perda de objetos e até situações mais graves.
Para evitar esses inconvenientes, é indicado que a transportadora tome alguns cuidados. Entre eles, estão duas taxas que precisam estar no cálculo da tabela dos fretes:
- frete ad valorem, ou valor: oferece coberturas diversas, por exemplo, contra avarias, perdas, quebras, roubos e mais;
- Gerenciamento de Risco em Transporte Rodoviário de Cargas (GRIS): é cobrado com base em um percentual sobre o valor do produto registrado em nota fiscal.
8. Preço do combustível
A tabela também precisa considerar o preço do combustível. Isso tem tudo a ver com o trajeto e a distância percorrida, já que, quanto maior a quilometragem, mais elevados são os gastos com esse tópico.
É interessante verificar o valor médio cobrado em cada região, para ter uma ideia de quanto terá que pagar para encher o tanque do caminhão.
9. Distância
A quilometragem percorrida é essencial, mas você também deve considerar as características de cada região, porque mais custos podem incidir.
É o caso de ir para uma cidade em que precisa passar por estradas em péssimas condições, que aumentam o risco de manutenções e o tempo da viagem. Isso também vale para os pedágios.
Da mesma forma, analise se a carga será lotação ou fracionada. No segundo caso, é possível haver várias paradas durante o trajeto, o que aumenta o tempo da entrega e, em algumas situações, exige até mais colaboradores para fazer o manuseio, a carga e a descarga.
10. Cobranças adicionais
Outras taxas podem ser incluídas no preço final de acordo com o critério das transportadoras. Confira alguns exemplos:
- rotas em regiões com tráfego pesado ou sem a possibilidade de carga no retorno;
- tarifas pelo despacho, coleta, reentrega ou atrasos;
- número de remessas a serem feitas;
- agendamento (remessas com horário predefinido que geram risco de atraso ou não entrega.);
- custos variáveis e fixos (combustível, manutenção, lubrificantes etc.);
- margem de lucro.
Ao considerar essas variáveis, você já está pronto para elaborar a sua tabela de fretes. No entanto, ainda precisa considerar as diretrizes da ANTT nesse processo. Então, que tal conhecê-las?
3 passos para elaborar uma tabela de frete
Considerando as regras da ANTT, que incluem diferentes itens, até mesmo o custo variável do frete, chega o momento de aprender a montar a sua tabela na prática. Primeiro, você deve compreender que essa ferramenta serve para designar o valor dos serviços prestados.
Por isso, você pode fazer o cálculo com base na quilometragem, no tipo de veículo utilizado, na carga movimentada ou até mesmo em mais de uma variável.
Quanto mais definida a tabela estiver, melhor será sua contribuição para o fluxo operacional da empresa. Isso porque ela permite entregar cotações mais rápidas, aumentar o total de solicitações feitas, verificar a média do mercado, analisar os resultados e oferecer menos burocracia para os trabalhos.
A partir disso, as etapas para a montagem da tabela são as que apresentamos abaixo.
1. Calcule o frete peso
É definido pela relação entre o peso bruto e cubado da carga. A cobrança é feita pelo maior resultado, isto é, se a mercadoria ocupar mais espaço que peso, o volume é a variável considerada no cálculo.
A fórmula do frete peso é: peso cubado em kg = comprimento x largura x altura em m³ x 300 em kg/m³ (fator de cubagem que costuma ser adotado e representa 1 m³).
Essa fórmula deve ser calculada a partir do preço do transporte da carga em comparação com a distância do trajeto.
2. Determine o frete valor
É calculado de acordo com o preço da carga na nota fiscal. É particularmente importante para mercadorias de preço muito elevado. A fórmula é a seguinte: frete valor = valor da carga x percentual do frete valor conforme a distância.
3. Acrescente tarifas extras e fixas
Por fim, a transportadora pode adicionar taxas especiais comumente praticadas, por exemplo:
- taxa de despacho;
- serviços especiais, como agendamento;
- taxa de restrição do trânsito (TRT);
- taxa de dificuldade na entrega (TDE).
Além disso, devem-se acrescentar os impostos e pedágios. O somatório de todos esses valores e percentuais configura o preço final que será cobrado do cliente e as variáveis que formam a tabela de frete.
A tabela de frete facilita muito a rotina de um negócio, pois ela serve como referência sobre os fatores e preços cabíveis para fazer cotações acertadas, e até mesmo para simular frete. Com ela, a transportadora dificilmente sofre prejuízos, pois sabe com precisão o valor de seu serviço.
Você pode usar alguns modelos já apresentados na internet. Porém, é importante fazer uma que esteja condizente com a sua realidade. Para ver como ficaria o resultado, veja um exemplo a seguir:
- 5 a 10 kg — para SP, R$ 30; para RJ, R$ 35; para MG, R$ 40; para o Nordeste, R$ 50; para o Norte, o Centro-Oeste e o Sul, R$ 55;
- 10 a 15 kg — para SP, R$ 40; para RJ, R$ 45; para MG, R$ 50; para o Nordeste, R$ 55; para o Norte, o Centro-Oeste e o Sul, R$ 60.
A cada faixa de 5kg, é acrescentado R$ 5 a cada região/estado. Além dessas questões, você deve considerar que existem diferenças entre a tabela para a transportadora e para o autônomo. O segundo tem menos custos indiretos, como aluguel, energia elétrica, água, telefone fixo, colaboradores etc.
Além disso, é possível fazer reajustes para o controle de frete. Os principais são:
- aumento nos custos mais relevantes, caso dos combustíveis, mão de obra e pneus, por exemplo;
- análise de gastos no final do mês, inclusive dos menores, que corroem a margem de lucro e trazem uma visão mais ampla;
- uso de índices econômicos nacionais, especialmente do Índice Nacional do Custo do Transporte (INCT), divulgados pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (ANTC Logística).
Como um software de gestão pode ajudar?
Um sistema de gestão específico para transportadoras é a dica final para estruturar e viabilizar o uso da sua tabela de fretes.
Por meio dessa solução, você substitui o papel e as planilhas eletrônicas e automatiza todos os processos. A consequência é menor possibilidade de erros e perdas de informações. Do mesmo modo, há redução de custos com papel e tinta, além de agilidade no atendimento às demandas.
O indicado é escolher um sistema que contenha um módulo de Sistema de Gerenciamento de Transporte (TMS), com a tabela de frete. Assim, é feito o cálculo automático do valor com base nos dados fornecidos. A parametrização considera: peso, volume, cubagem, quilômetros ou horas necessárias para cada serviço.
Outra possibilidade é fazer a contabilização com base no valor da nota fiscal ou do Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) anterior. Essa opção está disponível para casos de redespacho ou subcontratação.
Por fim, as taxas podem ser previamente definidas. Entre elas estão: ad valorem, ademe, despacho, GRIS etc. Desse modo, os riscos de fazer um cálculo errado são reduzidos.
Porém, o software de gestão ainda vai além. Mais que o controle de frete, esse sistema monitora toda a frota e garante a administração dos principais aspectos da sua empresa, como manutenções, pneus, notas e mais.
Assim, você consegue analisar o custo e o lucro exato de cada viagem, os adiantamentos e as despesas, o acerto com motoristas, as contas a pagar e a receber, etc.
Outra vantagem é a possibilidade de acessar o sistema pelo smartphone. Basta ter o aplicativo adequado e visualizar as informações de que precisa rapidamente. Depois disso, é só fornecer os dados e tomar decisões acertadas.
Em suma, a tabela de fretes é uma recomendação para qualquer transportadora, porque traz eficiência e padronização nos valores cobrados pelos serviços.
O post Tabela de frete: o guia completo para montar uma em sua transportadora apareceu primeiro em Blog Bsoft.