Coronavírus: quais os impactos na logística de transporte?

(Last Updated On: 5 de junho de 2020)

Desde o início do ano, a pandemia do novo coronavírus vem causando não apenas problemas de saúde e óbitos, mas também grandes impactos à economia mundial e verdadeiros desafios ao setor logístico. No Brasil, as medidas sanitárias determinaram o isolamento social em praticamente todas as cidades — em algumas, inclusive, foi decretado o lockdown, com fechamento total de atividades não essenciais.

O mundo inteiro foi afetado pelos desdobramentos da pandemia. De acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2020 a economia mundial deve enfrentar retração de 3%. Para o Brasil, a entidade prevê uma queda de 5,3%. Os impactos desse cenário para a indústria e para o comércio de bens e de serviços são avassaladores.

Para o setor de logística de transportes, no entanto, os reflexos da redução da atividade econômica tendem a ser mais brandos, uma vez que insumos básicos precisam ser entregues. Além disso, o momento é uma oportunidade de aprendizado. Continue a leitura de nosso artigo para entender melhor!

Como o coronavírus afetou as atividades logísticas e de transporte de cargas?

Apesar da queda das atividades comerciais, em função das medidas sanitárias adotadas pelas autoridades, o transporte de mercadorias não foi tão afetado. Afinal, insumos básicos, como alimentos, medicamentos e itens de higiene e limpeza precisam ser entregues. Além disso, durante a pandemia, as operações de e-commerce cresceram de modo significativo.

De acordo com estudo da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), no período entre 10 e 23 de maio, as vendas em e-commerces haviam crescido 56% em relação aos números de dois meses antes. A entidade destaca, no entanto, que esse salto foi em quantidade de operações, não no ticket médio.

Isso se explica em função na queda de vendas de alguns produtos com maior valor agregado, como automóveis e peças automotivas. Esses segmentos, aliás, foram fortemente impactados pela queda do comércio internacional, uma vez que a China é a principal fornecedora mundial de autopeças.

Com a crise no país, que foi o epicentro do novo coronavírus, houve desdobramentos em toda a cadeia automotiva. Afinal, como uma montadora vai produzir os veículos se faltam componentes básicos?

Assim, a pandemia também causou vários impactos às operações logísticas, pois muitas indústrias precisaram lidar com quebras de estoque, além de obstáculos diversos, como:

  • fechamento de fronteiras;
  • falta de serviços de apoio aos motoristas nas estradas, como restaurantes;
  • redução de mão de obra, em função de afastamentos de colaboradores que integram os grupos de risco ou de acordos (como antecipação de férias ou redução de jornada) decorrentes da baixa atividade econômica;
  • dificuldades em áreas portuárias, causadas pelo fato de algumas embarcações terem ficado retidas nos portos. Houve também preocupação com contêineres, que estavam em países que adotaram o lockdown, como Índia e Vietnã.

Como minimizar os impactos do coronavírus ao negócio?

Apesar de todos os obstáculos impostos pela pandemia, algumas ações podem contribuir para minimizar os impactos negativos e manter o fôlego nas operações logísticas. O planejamento, nesse contexto, assume importância cada vez maior.

Como parte desse planejamento, é fundamental fazer uma boa análise de riscos, considerando aspectos do próprio negócio e também questões relacionadas ao comércio global. Por exemplo, é cada vez mais importante ter um eficiente controle de estoques, evitando quebras pontuais que inviabilizem as operações.

Caso determinados produtos (ou componentes) venham de locais mais fortemente impactados pela pandemia, vale buscar fornecedores alternativos, para não comprometer a atividade. Além disso, essa estratégia também contribui para minimizar a possibilidade de a produção ser afetada por flutuações de preço.

Também é fundamental que as empresas de logística mantenham um bom planejamento de rotas, oferecendo alternativas tanto para os casos em que os caminhões não podem percorrer determinado trajeto, quanto para situações que demandem várias entregas em endereços distintos (carga fracionada).

No contexto da crise, as empresas de logística são essenciais para garantir o abastecimento básico da população. Assim, é fundamental que os negócios do setor invistam na capilaridade de suas entregas e criem alternativas para manter a segurança das rotas.

Outro ponto fundamental é a garantia da segurança dos colaboradores. Afinal, a saúde da equipe é essencial para a manutenção das atividades corporativas.

Dessa forma, é importante afastar pessoas que se enquadram em grupos de risco que, dependendo da atividade, podem adotar o trabalho remoto. Além disso, é preciso orientar a todos sobre os cuidados necessários, como o uso de máscara e higienização das mãos, e disponibilizar álcool em gel para todos os colaboradores.

Quais as expectativas para o futuro desse segmento?

Embora ninguém saiba quando, a pandemia vai acabar. Em alguns países, como na China e nas nações europeias, as atividades já estão sendo, aos poucos, retomadas. No Brasil, algumas cidades, especialmente na região Sul, também começam a dar os primeiros passos para o fim do isolamento.

Isso significa que as empresas que souberem aproveitar o momento para planejar novas estratégias de trabalho estarão um passo à frente das demais. Na verdade, é preciso que os negócios do setor de logística estejam preparados para manterem suas atividades mesmo em um cenário de imprevisibilidade.

De acordo com análise da empresa Bain & Company, em tempos de crise existem alguns cenários semelhantes. Em um primeiro momento, chamado de período de choque, os impactos econômicos são mais fortes, embora produtos de alimentação e higiene passem a ter uma demanda maior. Isso ocorre pelo pânico e incerteza, condições que levam as pessoas a quererem estocar produtos.

O segundo momento, conforme a análise, é de recuperação. Ele acontece, normalmente, após uma queda maior nas atividades, uma vez que os produtos estocados foram consumidos e as pessoas passam a fazer novas compras. Por fim, vem a estabilização, quando os consumidores voltam a comprar os itens que ficaram de lado durante a crise. É o efeito da demanda reprimida.

As empresas que souberem aproveitar esse momento para reverem suas estratégias, adotando ações para reestruturarem os negócios e garantirem a segurança, com certeza estarão à frente das demais quando chegar o cenário de estabilização pós-coronavírus. O uso de tecnologia fará toda a diferença para a gestão eficiente dos negócios logísticos e de transporte.

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